Há 60 anos Os Pássaros invadiram os cinemas

Depois do estrondoso sucesso de Psicose (1960) parecia impossível que Alfred Hitchcock surgisse com algo tão surpreendente quanto, para sua próxima produção. Mas o mestre voltou a conseguir.
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Lançado em 1963, Os Pássaros ainda encanta e aterroriza plateias do mundo todo, inaugurando um gênero informal agora chamado de “eco terror”. Trata se daquele tipo de história que faz com que os seres humanos reflitam sobre sua condição de hóspedes, e não donos, do nosso planeta.

Um dos segredos do filme é tratar do tópico de um possível fim do mundo (ao menos para a humanidade) de maneira quase trivial, começando a jornada de terror de seus personagens numa pequena cidade do litoral norte da Califórnia. O ponto de partida do filme é o caso de amor quase fútil entre os protagonistas Mitch (Rod Taylor) e Melanie (Tippi Hedren), que logo assume um segundo plano na trama, a partir do momento em que os pássaros começam seus ataques inexplicáveis aos habitantes da pequena Bodega Bay.

E é exatamente essa falta de explicação para a hostilidade dos pássaros que leva os personagens do filme quase à loucura. E como é bastante comum em toda situação onde se perde o controle e o pânico se instala, teorias e acusações na busca de um possível culpado começam a explodir. Seria este o dia do juízo final? Ou talvez algum fenômeno metrológico desconhecido? Ou a culpa seria da visitante Melanie, cujo comportamento poderia estar trazendo um mau agouro àquela pequena comunidade.

De pássaros adestrados a pássaros mecânicos, efeitos de laboratório com superimposição de imagens e uma trilha sonora (sem música) que utilizava apenas sons de pássaros, distorcidos por um dos primeiros sintetizadores da História, a produção não poupou esforços e criatividade para causar uma sensação de realidade e verossimilhança ao público da época.

E é notório que o filme termina tão sem maiores explicações como da forma que começou. A fúria da Natureza, em forma dos pássaros, teria terminado ou apenas se abrandado? A pergunta que Hitchcock deixa no ar faz com que seus personagens deixem a cena pisando nas pontas dos pés. Como também deveriam fazer os seres humanos em 2023, num mundo pós pandêmico, ainda cheio de perguntas e turbulências. Após 60 anos, o thriller “eco-psicológico” do mestre do suspense causa calafrios, talvez ainda mais verdadeiros agora.

Assista aqui um dos momentos mais tensos do filme:

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