Filha do cantor Dave Gordon, irmã de Tony Gordon (vencedor do Prêmio The Voice Brasil 2019) e sobrinha da legendária cantora e compositora Dolores Duran, ela tem música já em seu DNA. Izzy conversou com a Vitória Régia, nesta pequena entrevista exclusiva.
Vitória Régia: Izzy, com tanta gente de música na família, você chegou a pensar em ter outra profissão?
Izzy Gordon: Salve Salve, Vitória Régia Arte e Cultura! Poxa vida, com tanta gente na minha família, artista era a última coisa que eu queria ser. (risos) Eu era muito tímida e achava que qualquer um poderia fazer bem melhor do que eu, que isso não era comigo. Mas aí, eu tive aquele despertar, algo espiritual mesmo, que acredito que a maioria dos artistas tem, né? Que é sentir aquele chamado, de que não pode guardar só pra você o talento que Deus lhe deu. É o que você veio pra passar, pra compartilhar com os outros. Então foi assim que nasceu a artista, a cantora. Mas fiz, tentei muitas coisas antes. Fiz roupas esportivas, fui dona de confecção… (risos) E até hoje ainda gosto de costurar. Para um futuro, espero que próximo, penso em criar algumas coisas para palco. Acho interessantes as roupas de palco! Não são? Mas tentei várias coisas, sempre criando em algum nível. Porque isso é o mais legal!
VR: Você circula com facilidade por diversos gêneros musicais, mostrando amplitude técnica e artística. Mas existe algum estilo que lhe agrade mais cantar?
IG: Não tem exatamente um estilo que eu goste mais de cantar. Eu acho todos interessantes e por isso que eu passeio mesmo entre eles. Pelo menos, procuro circular nos estilos mais variados. Eu gosto daquela música, letra e melodia, que mais eu consiga passar aquela emoção, aquela história, sabe? Tocar o coração, mas fazendo compreender aquela história também. Eu gosto muito de interpretar. Então, eu não tenho realmente um estilo.
VR: Corre no meio musical que você tem fãs internacionais, como Quincy Jones, Bono Vox, chegando até mesmo a cantar ao lado de Paul McCartney. Como isso tudo aconteceu?
IG: (risos) Eu fazia umas apresentações no Hotel Hayatt (de São Paulo) E costumava receber elogios dos hóspedes estrangeiros que passavam pelo hotel. A diretoria do Hyatt era toda muito fã do meu trabalho. Então, quando se hospedaram lá esses grandes artistas, foram feitas algumas festas fechadas para eles. Daí, o pessoal do hotel lembrava sempre de mim, inclusive pra mostrar a música brasileira, a nossa boa música, pra eles. E claro que fiquei muito feliz por se lembrarem de mim para eventos como este. E pude até conversar com estes artistas mundialmente famosos! Como eu nunca estudei para ser cantora, estes elogios que me fizeram serviram como um fortalecimento, uma confirmação de que eu estava no caminho certo. Eu não estudava, não tinha uma professora me avaliando, nunca tive. Então, essas situações são como minhas provinhas, né? Conhecer esses artistas já tão conceituados e realizados, e ser elogiada por eles é algo maravilhoso! Um salto de qualidade mesmo!
VR: A Izzy, quando não está cantando, está fazendo o que?
IG: Organizando uma casa, está cuidando da família, que é uma coisa que eu gosto muito. De manhã, eu já gosto de deixar tudo organizado. E depois vou cuidando e administrando as outras partes da vida, que dá um trabalhão, né? Sim, porque quando eu não estou cantando, estou fazendo o planejamento da minha carreira. Porque hoje, a gente participa de tudo. Isso é muito legal, mas toma tempo e dá trabalho, mesmo gostando de fazer. Tem muita reunião de trabalho, pra ver o que a gente vai fazer, o que a gente vai seguir, qual vai ser o próximo disco… Agora já estou arriscando a compor. É uma nova fase.
VR: E quais são seus trabalhos mais recentes?
IG: Meu penúltimo trabalho foi uma parceria que eu fiz com alguns músicos, um trio, e quis reviver um pouquinho daquela época das cantoras em apresentações mais intimistas, temperadas com jazz e muito suingue. A Elis fazia muito isso, mais no início da carreira. Então me arrisquei, ousei, né? Mas o resultado foi muito legal! Eu gravei um disco chamado “Pra Vida Inteira”, um disco de continuidade da carreira, mas gravando só coisas que me dão muito prazer em cantar. Sem outras grandes preocupações, a não ser o prazer mesmo. O repertório mistura músicas já existentes, composições que ganhei e até duas parcerias minhas. Eu me diverti muito com esse disco porque, sendo um trio, a gente gravava, praticamente, como se fosse ao vivo.
Agora, o meu trabalho mais recente vai ser lançado em breve. Vai ser o meu primeiro vinil. O título é “O Dia Depois Do Fim Do Mundo” e será um trabalho de poesia musicada. Eu posso dizer que foi um projeto que eu ganhei do Renato Gama, nesse momento que a gente passou, de lockdown na pandemia. Ele tem um estúdio na casa dele e eu fui lá gravar um single. E o single acabou virando um álbum. Eu sou suspeita pra dizer, mas são músicas maravilhosas e eu me apaixonei de cara! O nome do álbum é exatamente esta ideia do que está acontecendo com a gente, depois da fase complicada que vivemos. É a gente aí, sobrevivendo dentro das possibilidades, porque não podemos parar. Existe um legado de quem não está mais aqui, que é preciso ser levado adiante. E isso não é diferente na música. Essa é a emoção desse novo dia, do “dia depois do fim do mundo”. Assim que for lançado, eu venho aqui na Vitória Régia pra contar!