Elsa Schiaparelli, moda e arte num único traje

Considerada a “mãe do rosa-choque”, a estilista italiana revolucionou todo o cenário fashion dos anos 30 por unir moda e arte em suas ideias. Seu impacto para a história da moda foi tão grande que suas criações, sempre ousadas e visionárias, trouxeram valores que são admirados até os dias atuais.
Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Considerada a “mãe do rosa-choque”, a estilista italiana revolucionou todo o cenário fashion dos anos 30 por unir moda e arte em suas ideias. Seu impacto para a história da moda foi tão grande que suas criações, sempre ousadas e visionárias, trouxeram valores que são admirados até os dias atuais.

Elsa Schiaparelli nasceu em 10 de setembro de 1890, em Roma, na Itália. De origem nobre, estudou filosofia na Universidade de Roma e, neste mesmo período, publicou um livro de poesia erótica que chocou sua família conservadora.

Mais tarde, depois de residências temporárias em Boston e Nova York (por conta de um casamento frustrado) e com uma filha ainda criança, Schiaparelli muda-se para a França, em 1920. Em Paris, ela pode contar com o apoio da amiga Gabrielle Buffet-Picabia, esposa do artista francês surrealista Francis Picabia. Gabrielle a apresentou a diversos artistas renomados da época, como Man Ray, Marcel Duchamp, Aldred Stieglitze e Edward Steichen.

Apesar de levar uma vida confortável na cidade e receber ajuda financeira da mãe, Elsa desejava ser independente e decidiu abrir o seu próprio negócio para fazer aquilo que realmente amava: moda! 

Na época, Paul Poiret, um dos principais estilistas franceses, criava coleções revolucionárias de alta costura para a mulher moderna. Ele ensinou diversas técnicas de confecção de modelos e construção de roupas para Elsa. Com todo o conhecimento adquirido, ela criou o seu próprio estilo e, em 1927, fez sua primeira coleção de roupas que contavam com imagens surrealistas. No ano seguinte, abriu uma loja chamada Pour le Sport. Sua própria Maison, viria a ser lançada um ano depois, em 1929.

Com muita criatividade e talento, as criações de Elsa eram ousadas e modernas. Em 1931, a tenista espanhola Lilí de Álvarez chocou o mundo ao usar shorts feito pela estilista para competir no torneio de Wimbledon – afinal, a peça era proibida para mulheres na época. Durante a Lei Seca, na década de 30, era proibido a venda de álcool nos Estados Unidos, então Elsa ousou mais uma vez e criou um vestido que tinha bolso secreto para esconder frascos de bebida. Já em 1933, introduziu a chamada “manga pagode”, influenciada pela moda egípcia.

maison de Elsa Schiaparelli não parou de crescer e a estilista continuou inovando. Lançou broches fosforescentes, botões semelhantes a pesos, cadeados nos casacos, tecidos com estampas de jornal com os quais fazia lenços, bordava em suas roupas signos do zodíaco e muito mais. Porém, sua criação de maior sucesso foi o famoso “rosa-choque”. Elsa conseguiu criar um tom de rosa tão intenso e dramático que o batizou de “shocking”. A cor foi usada em diversas criações da estilista e se tornou um marco. Passou então a ser considerada a mãe do rosa e, anos depois, sua cor preferida virou o “Pink Schiaparelli” no mundo fashion. 

Em 1938, Elsa lançou um perfume com o mesmo nome. O frasco tinha o formato do corpo da famosa atriz de cinema Mae West, a quem havia vestido no filme “Every Day’s a Holiday”.  A exuberância de West personificava a ousadia do estilo Schiap.

Apesar de ter tido clientes famosas como as atrizes Greta Garbo, Joan Crawford e Carole Lombard, Schiaparelli não fez muitos figurinos para o cinema. Ao todo, trabalhou para 29 produções. Ainda assim, conseguiu certo destaque, nos figurinos dos filmes “Artists and Models” e “Moulin Rouge” (1952), com Zsa Zsa Gabor e o clássico francês “As Damas do Bois de Boulogne” (1945). 

Enquanto as suas contemporâneas Gabrielle “Coco” Chanel e Madeleine Vionnet estabeleceram um novo padrão de elegância baseado na praticidade, simplicidade e linhas fluídas, Schiaparelli quebrou com qualquer convenção para explorar um estilo mais irreverente e singular. Ainda que muitos a considerassem rival direta de Chanel, o trabalho das duas era muito diferente, se direcionando a propósitos e públicos também distintos.

Elsa Schiaparelli acreditava que a moda estava intimamente vinculada à evolução das artes plásticas contemporâneas, sobretudo à pintura. Portanto, ela sempre buscou estar ligada aos artistas e movimentos culturais de sua época. Fazendo grande sucesso tanto em Paris como em Nova York, Schiap, como ficou conhecida, circulava entre os mais animados círculos artísticos da época. Dessa maneira, tinha importantes amigos como Gabriele Picabia, Jean Cocteau, e Salvador Dalí.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Christian Dior criou o estilo “New Look”, que mudou completamente o mundo da moda. Schiaparelli encontrou grandes dificuldades no novo cenário e acabou se endividando. Elsa realizou seu último desfile em 1954 e encerrou as atividades. A estilista faleceu aos 83 anos em Paris, no dia 13 de novembro de 1973. 

Elsa Schiaparelli causou grandes impactos sociais. Ao unir arte e moda, quebrou padrões e ofereceu às mulheres uma nova opção de se vestir, com mais liberdade e autenticidade. Suas ideias foram as responsáveis por abrirem espaço para que diversas gerações pudessem se vestir do jeito que queriam, para elas mesmas, e não para agradar à sociedade rígida e conservadora da época. 

Veja também

Não existem mais postagens para serem exibidas