João Carlos Barroso, Ney Latorraca e Françoise Forton em Estúpido Cupido (1976)
Ao mergulhar no acervo da Tv Globo, uma pesquisa revelou que muitas de suas produções do passado estavam incompletas em seus arquivos, com poucos capítulos preservados. Por conta de um incêndio ou, absurdamente, por simples reaproveitamento de fitas, algumas novelas chegavam a ter somente dois capítulos inteiros. Mas para não privar o público de ter um novo contato com esses títulos, o Projeto Fragmentos foi criado. Através dele, 28 folhetins das décadas de 1970 e 1980, com até 20 episódios preservados, serão disponibilizados para os assinantes.
Yoná Magalhães e Carlos Alberto num “canal de Veneza em 1500” na novela A Ponte dos Suspiros (1969)
Há mais de 70 anos, as novelas fazem parte da vida dos brasileiros e, ao longo desse tempo, muitas histórias foram contadas. Tramas que nos emocionaram, personagens pelos quais torcemos, outros que amamos odiar, trilhas sonoras que remetem a momentos das nossas vidas, inspiração de figurinos… Um recorte de lembranças.
As icônicas meias de lurex lançadas em Dancin’ Days (1978)
Em janeiro de 2024, quatro produções inauguraram oficialmente o projeto: O Rebu (1974), Coração Alado (1980), Estúpido Cupido (1976) e Chega Mais (1980). Em fevereiro, juntou-se a estas, Sol de Verão (1982). A previsão da plataforma é lançar um título por mês até o fim de 2025.
As primeiras tramas do projeto:
O Rebu, de Bráulio Pedroso, uma novela policial que entrou para história da teledramaturgia brasileira ao situar a trama em apenas 24 horas. E ainda acrescentava-se ao famoso bordão “Quem Matou?” o inusitado “Quem Morreu?”, já que só se tinha a revelação da vítima depois do capítulo 50, mesmo sabendo-se desde o inicio da novela que alguém teria sido assassinado durante a festa. Contada em flashback, a narrativa brincava com a cronologia linear da trama, indo e voltando no tempo para compor suas cenas. Infelizmente, desta obra prima só restaram 2 capítulos.
Ziembinski, Buza Ferraz e Bete Mendes em O Rebu (1974)
Trama de Janete Clair, Coração Alado conta a história de um artista plástico que, para ter visibilidade, se casa por interesse e abandona seu grande amor. Apresentou a primeira cena (muito bem insinuada) de masturbação feminina da televisão brasileira, cena esta vivida pela atriz Débora Duarte. Causou certo alvoroço no público e na mídia da época, tendo este capítulo apagado pela própria Rede Globo, antes mesmo do fim da novela.
Carlos Augusto Strazzer, Vera Fischer e Tarcísio Meira em Coração Alado (1980)
Comédia romântica de Mário Prato, Estúpido Cupido retrata a geração da década de 1960, seus hábitos, modismos e paixões. Com licença poética e histórica, a personagem Maria Teresa (Françoise Forton) ganha o título de Miss Brasil 1961, ao invés de Stael Abelha, a verdadeira vencedora.
João Carlos Barroso e Ney Latorraca em Estúpido Cupido (1976)
A trama principal de Chega Mais, escrita por Carlos Eduardo Novaes, gira em torno dos encontros e desencontros de um casal que, apesar de se amar, vive brigando. Última novela de Sônia Braga no Brasil, antes de fixar residência nos Estados Unidos.
Sônia Braga e Tony Ramos em Chega Mais (1980)
Sol de Verão, novela de Manoel Carlos, contava a história de Rachel, uma mulher infeliz no casamento e que decide se separar do marido empresário para ir atrás da própria felicidade. A novela ficou marcada por uma tragédia que aconteceu na sua reta final: Jardel Filho, que interpretava um dos personagens principais do folhetim, morreu durante a gravação da trama.
Débora Bloch, Jardel Filho e Irene Ravache em Sol de Verão (1982)
O Projeto Fragmentos junta-se a outro projeto importante da plataforma, o Projeto Resgate. Neste são disponibilizadas novelas na íntegra, como exibidas na época de lançamento. Para 2024, estão programadas no Resgate as exibições de O Espigão (1974), Andando nas Nuvens (1999) e Beleza Pura (2008). Vale ressaltar que O Espigão é a segunda novela completa mais antiga dos arquivos da emissora, enquanto a primeira é O Bem Amado, esta já disponível na GloboPlay.
Milton Moraes e Suely Franco em O Espigão (1974)