Só Tinha Que Ser Com Você

Em 1974, nos estúdios da MGM em Los Angeles, acontecia um encontro histórico para a música mundial. Os bastidores deste encontro chegam agora até o público num excelente documentário.
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“Elis e Tom: Só Tinha Que Ser Com Você” é o título de um documentário inédito, já em cartaz nos cinemas do Brasil e dos Estados Unidos. Com previsão de lançamento também em outros países, o filme é uma fascinante incursão ao passado, registrando o momento da criação de uma obra-prima, realizada por duas figuras geniais da música brasileira: Elis Regina e Tom Jobim.

“Eu era empresário da Elis naquela época e registrei os ensaios, as conversas e o clima que reinava nos bastidores”, revelou o diretor Roberto de Oliveira, referindo-se às cinco horas de filmagens, hoje históricas, que capturou durante a gravação do já legendário álbum “Elis e Tom” de 1974.

“Todo esse material estava guardado. Mas todos esses anos e o tempo que se passou foi positivo para contar essa história. Hoje conhecemos a trajetória profissional completa desses dois artistas excepcionais e a carreira de sucesso deste álbum.”

O filme, codirigido por Jom Tob Azulay, foi produzido pela Rinoceronte Entretenimento.

Embora o encontro em questão tenha resultado em interpretações inesquecíveis, registradas nas 14 faixas do disco, à principio causou um certo estranhamento entre os dois artistas. Muito por conta de seus estilos, aparentemente, distantes entre si. Mas foi exatamente o fascínio da descoberta da musicalidade excepcional daquele encontro que fez os dois se unirem na criação da belíssima obra.

“Elis era uma cantora perfeita. Tinha tudo pra se lançar numa carreira internacional. Ela provavelmente teria tanto sucesso quanto Jobim”, disse Oliveira.

“O Tom era minimalista, usava poucas notas e era conhecido por suas harmonias extraordinárias e impressionantes. A Elis era uma cantora exuberante. Após conhecê-lo, ela ficou mais contida, valorizando as palavras e a interpretação. Ela descobriu que não era só a voz que cantava.” complementa o diretor.

Ouça aqui uma das mais belas faixas do disco:

Ver esses dois “opostos” se enfrentando mais uma vez (agora nas telas de cinema) o deixou novamente fascinado com a ideia daquele encontro de quase 50 anos atrás, admitiu Roberto de Oliveira.

“Eram dois artistas incríveis que, no início, não se entendiam muito pessoalmente, mas a Arte une talentos. Quando esses gênios finalmente se reconheceram, surgiu uma obra-prima. No final, os dois saíram amigos e maiores. E aprenderam um com o outro.”

Vendo o encontro deles como um exemplo importante “numa sociedade tão dividida como a nossa”, Oliveira também espera um diálogo com um novo público, incluindo os espectadores mais jovens e também aqueles que não estão familiarizados com a Grande Música Brasileira.

Assista a uma apresentação ao vivo de Elis e Tom, divertindo-se muito nas “Águas de Março”:

“Tom Jobim já era conhecido no mundo todo depois da Bossa Nova e do disco que gravou com Frank Sinatra. Suas músicas ‘Garota de Ipanema’ e ‘Águas de Março’, entre outras, são tocadas até hoje em todos os lugares”, observou.

“Elis Regina foi um sucesso regional, mas a temática do filme é universal, assim como a música. Esta história poderia ter acontecido em qualquer parte do mundo”, declara o diretor. Roberto também conta o seu modo particular para quando se retrata música no cinema: “O segredo é preservar a emoção que ela carrega. Não se pode deixar que nada interfira na relação da performance com o público.”

Assista aqui o trailer do documentário “Elis e Tom: Só Tinha Que Ser Com Você”:

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